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O MITO MODERNO DA NATUREZA INTOCADA

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Descrição

Em muitos países, sobretudo nos do Terceiro Mundo, começaram a ser discutidos e implementados novos modelos de conservação da natureza, com a partici­pação das populações tradicionais residentes nos terri­tórios transformados em áreas protegidas. Essas novas experiências partem da necessidade de se respeitarem os direitos dessas populações no acesso aos seus terri­tórios e recursos naturais, os conhecimentos e sistemas de apropriação social da natureza (sistemas de mane­jo) gerados no contato com a natureza e a diversidade cultural das comunidades rurais e costeiras.
Historicamente, o pensamento li­beral conseguiu avançar com bas­tante êxito sobre as formas como a ecologia se projetou nas ações estatais. Por meio de diferentes agentes ideoló­gicos do capitalismo (princi­palmente sociedades cientí­ficas e ONGs), se engendrou a noção hegemônica de que há uma natureza selvagem, que deve ser preservada dos seres humanos que, por sua vez, teriam um caráter destrutivo intrínseco.
Com base nessa elaboração, tendo como marco inaugu­ral o Parque Yellowstone, nos EUA, foram produzidas décadas de legislações e po­líticas públicas nacionais e internacionais em todas as partes do planeta, que apa­rentavam boas intenções, mas tiveram como conse­quência a expulsão de diver­sos povos de seus territórios, o apagamento de saberes tradicionais e a desarticula­ção de redes de convivência harmônicas e realmente sus­tentáveis com a natureza. Essa hegemonia, no entan­to, gerou profundas contradições. Por um lado, jamais resolveu a questão ecológi­ca mundial - ao contrário, apenas tem servido para aprofundá-la. Por outro, a dinâmica da luta de classes nos territórios gradualmente permitiu o reencontro entre marxismo e ecologia.
Para contribuir com essa cons­trução da perspectiva ecoló­gica popular, a Expressão Popular insere na sua cole­ção Ecologia Marxista uma das principais obras brasilei­ras sobre a questão ecológica: O mito moderno da natu­reza intocada. Com rigorosidade científica e escrita didática, o professor Diegues permite aqui uma compreen­são histórica das bases do preservacionismo, revisita categorias ecológicas e sociais e apresenta a contraposição de projetos, lançando uma nova visão sobre a história ambien­tal brasileira. Com compro­misso histórico, demonstra como os povos e comunidades tradicionais construíram uma perspectiva ecológica popular em nosso país.
APRESENTAÇÃO – 7
PREFÁCIO – 11
INTRODUÇÃO – 17
1 – O SURGIMENTO DO MOVIMENTO PARA CRIAÇÃO DE ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS NOS ESTADOS UNIDOS E SUAS BASES IDEOLÓGICAS
História da noção de mundo selvagem (wilderness) – 27
Conservacionismo dos recursos naturais versus preservacionismo nos Estados Unidos – 33
2 – DA CRÍTICA À EXPORTAÇÃO DO MODELO DE PARQUES NACIONAIS ESTADUNIDENSES – 41
3 – ESCOLAS ATUAIS DE PENSAMENTO ECOLÓGICO E A QUESTÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS – 47
A Ecologia profunda (Deep Ecology) – 52
Ecologia social – 54
Ecossocialismo/marxismo – 56
4 – OS MITOS BIOANTROPOMÓRFICOS, OS NEOMITOS E O MUNDO NATURAL – 61
Os mitos bioantropomórficos – 62
Os mitos modernos: os neomitos – 65
A contemporaneidade dos mitos bioantropomórficos e dos neomitos – 70
5 – AS REPRESENTAÇÕES DO MUNDO NATURAL, O ESPAÇO PÚBLICO, O ESPAÇO DOS “COMUNITÁRIOS” E O SABER TRADICIONAL – 73
As representações do mundo natural e as culturas tradicionais – 73
As representações do espaço: o espaço público, o espaço dos “comunitários” nas áreas naturais protegidas – 75
A conservação da natureza, os saberes e o poder – 80
6 – AS POPULAÇÕES TRADICIONAIS: CONFLITOS E AMBIGUIDADES – 85
Os conceitos de cultura em sua relação com a natureza em algumas abordagens antropológicas – 86
As definições das culturas tradicionais – 98
Culturas tradicionais e mudanças sociais – 103
7 – HISTÓRICO DA NOÇÃO DE PARQUES NACIONAIS E O SURGIMENTO DAS PREOCUPAÇÕES COM AS POPULAÇÕES TRADICIONAIS DE MORADORES – 111
8 – PARQUES NACIONAIS E CONSERVAÇÃO NO BRASIL – 125
9 – O SURGIMENTO DA PREOCUPAÇÃO COM AS POPULAÇÕES TRADICIONAIS NO BRASIL – 141
A proteção da natureza e os novos movimentos ecológicos brasileiros – 141
As agressões ao modo de vida tradicional e as ameaças de desorganização ecológica e cultural – 147
Os tipos de movimentos das populações tradicionais em áreas protegidas – 153
10 – POPULAÇÕES TRADICIONAIS E BIODIVERSIDADE – 169
11 – A GLOBALIZAÇÃO, AS GRANDES ONGS CONSERVACIONISTAS E AS POPULAÇÕES TRADICIONAIS – 177
As ONGs conservacionistas e a Sociedade Civil Global – 178
As grandes organizações conservacionistas transnacionais e a globalização – 179
As estratégias globais – 181
O crescimento organizacional e financeiro – 182
A influência das grandes ONGs sobre governos e sociedades do Sul – 185
O papel das ciências nas estratégias de conservação – 188
Onde ficam as Ciências Sociais nos debates conservacionistas – 190
12 – A CONSTRUÇÃO DA ETNOCONSERVAÇÃO NO BRASIL: O DESAFIO DE NOVOS CONHECIMENTOS E NOVAS PRÁTICAS PARA A CONSERVAÇÃO – 199
Rever conceitos e práticas conservacionistas. Sociodiversidade e conhecimento tradicional – 201
A biodiversidade vista pela ciência e pelos povos tradicionais – 203
Novos critérios para a seleção de áreas críticas para a conservação – 205
Manejo científico e manejo tradicional – 206
13 – CONCLUSÕES – 209
REFERÊNCIAS – 213
SOBRE O AUTOR – 221


Editor: Antônio Carlos Diegues
Ano: 2023
Número de Páginas: 221
Tamanho: 23 x 16 cm
Editora: Expresão Popular
Acabamento: Brochura
ISBN: 9786558911050


CNPJ: 48.477.867/0001-69 - Email: pldlivros@uol.com.br - Fone: (19) 3423 3961 - Piracicaba/SP

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